É curioso pensar na "especialidade" de cada pessoa para a
gente. Peço perdão pelo mau uso da palavra, mas foi isso que pensei...no
quanto cada um é especial.
Tem a mãe e o pai - para quem
sabe quem são ambos - esses destoantes seres que nos fazem amar e odiar,
perdoar e ser. Bases junto com Deus de nós mesmos, se tivermos sorte de
acreditar Nele. Amor do jeito mais puro.
Tem os irmãos,
amigos que são sangue do nosso sangue, que amamos infinitamente: mesmo
levando rodada e vassourada na infância, sofrendo perdas juntos,
descobrindo o tempo passar.
Tem os amigos melhores,
aqueles que você quer passar momentos juntos, quer abraçar, falar até
babar. Aqueles que você pode vomitar em cima que tá normal. Que já te
viu chique pra formatura ou casamento e toda ressacada e sem maquiagem.
Aqueles que, afora a não coincidência sanguínea, são irmãos.
Tem
os amigos normais. Quando paro pra pensar vejo que são aqueles que eu
mais gostaria que lembrassem de mim, me ligassem e quisessem saber de
mim. Na verdade, somos sempre nós que corremos atrás desse tipo de
amigo. Não há erro nisso. Só não espere nada surpreendente. São bons ou
até ótimos amigos. Mas não te acham tão "especialidade".
Há
os colegas. Poderia dizer que são pré-amigos. São pessoas que a gente
gosta bastante e normalmente convive muito. Pode-se contar com eles,
sair, papear e ajudá-los. São bons demais também. Normalmente pertencem a
um passado recente e foram super importantes em nossas vidas quando
passaram por elas.
Há quem nos odeie, claro. Sabe Deus
porquê, mas existimos e acabamos ficando com raiva às vezes. Eu nem fico
por mais que alguns meses...rs
Há os desconhecidos. Aquelas estrelas que ainda brilharão em nossas vidas um dia...ou não.
Fico
pensando...esse mundão é tão vasto, imenso...somos tão
incalculavelmente pequeninos. E eu sempre insisto em achar meu umbigo o
máximo, egoisticamente. Tento me corrigir com o trabalho voluntário e
amando quem eu amo mas recaio sempre no erro de chorar à noite de vez em
quando me achando a pessoa mais só do universo. Claro que não sou. Fui
abençoada. E agradeço a Deus por isso, mesmo com raiva de não ser madura
o suficiente para abraçar o mundo todo e ajudar a trazer paz. Até
porque não sou eu quem traz...posso apenas cultivá-la em mim mesma e
torcer para produzir algo honrado.
Só sei que contando
tudo: família, melhores amigos, amigos normais, colegas e
desconhecidos..ainda há tanto a conhecer e tão pouco que realmente
importa. Conto nessas mãos que digitam os seres nos quais meu amor brota
com mais vitalidade. E mesmo assim, paradoxalmente, ainda há amor
demais aqui dentro, pronto para ser distribuído.
Ah, não
falei do companheiro ou companheira - o "amorzinho" - dirá o leitor
perspicaz e incuravelmente romântico. Ah, claro que lembrei. Até porque
acredito em amor de companheiro, amor de amar apenas e sem penas. Só que
isso é especial demais para ser descrito. Deve ser respirado. Hei de
tragar ainda dessa fumaça inebriante. Hoje ainda não. Não chegou.
Texto de Camila Martins dos Santos