Histórias de amor permeiam nossos sonhos e pesadelos. Não raro misturam-se aos outros âmbitos de nossa vida, refazendo nós e desequílibrios. Esse será um post triste, mas bordoado por alguma esperança. Ao som da mais delicada das óperas, que traduz o mais sofrível amor.
Madame Buttlerfly é uma ópera magnífica, de Puccini. Estreou em 1904, embora o reconhecimento e sucesso tenham sido bem posteriores. Narra os meandros vividos por Cio-Cio San (M.Butterfly), uma gueixa que tem de casar-se com um tenente da marinha norte-americana, Pinkerton. Ele reside em Nagasaki por uns tempos com ela, mas parte e fica longo período ausente da ilha. Nesse ínterim, Butterfly tem um filho e mantém-se aguardando o retorno de seu amado, resignada. Quando questionada sobre a possibilidade de sua partida ter sido definitiva, ela se enfurece e diz: "Un bel di vedremo"... Um belo dia veremos uma fina fumaça no horizonte...
Pinkerton volta. E casado com uma mulher americana. Procura levar o filho consigo, deixando Butterfly desnorteada e com o coração e a alma em pedaços. Ela aceita seu destino, e após despedir-se do filho, pratica o ritualístico hara-kiri. É a mais honrosa forma de cometer suícidio no Japão. E assim termina a triste e dolorosa caminhada de Cio-Cio San.
Uma adaptação de 1998, feita a partir da peça original (e com trechos da mesma), ficou belíssima e exprime bem o nuance da ópera. Disponibilizo aqui a letra (é italiano, mas bem fácil de entender. Se quiser ver uma tradução pouco razoável, tem o Google Tradutor) e uma animação que a meu ver, resgata todo o sentimento contido e poetizado pela Madame. Há alguém que consiga separar a dor do amor?
"Un bel di, vidremo
Levarsi un fil di fumo sull'estremo
Confin del mare.
E poi la nave appare.
Poi la nave bianca
Entra nel porto, rumba il suo saluto.
Vedi? E venuto!
Io non gli scendo incontro. Io no.
Mi metto
La sul ciglio del colle e aspetto, e aspetto
Gran tempo e non mi pesa
La lunga attesa.
E...uscito dalla folla cittadina
Un uom, un picciol punto
S'avvia per la collina.
Chi sara? Chi sara?
E come sra giunto?
Che dira? Che dira?
Chiamera Butterfly dalla lontana.
Io senza dar risposta
Me ne staro nascosta
Un po' per celia, e un po' per non morire
Al primo incontro, ed egli alquanto in pena
Chiamera, chiamera:
"Piccina mogliettina
Olezzo di verbena,"
I nomi che mi dava al suo venire.
Tutto questo avvera, te lo prometto.
Tienti la tua paura, - io con sucura
Fede l'aspetto."
Levarsi un fil di fumo sull'estremo
Confin del mare.
E poi la nave appare.
Poi la nave bianca
Entra nel porto, rumba il suo saluto.
Vedi? E venuto!
Io non gli scendo incontro. Io no.
Mi metto
La sul ciglio del colle e aspetto, e aspetto
Gran tempo e non mi pesa
La lunga attesa.
E...uscito dalla folla cittadina
Un uom, un picciol punto
S'avvia per la collina.
Chi sara? Chi sara?
E come sra giunto?
Che dira? Che dira?
Chiamera Butterfly dalla lontana.
Io senza dar risposta
Me ne staro nascosta
Un po' per celia, e un po' per non morire
Al primo incontro, ed egli alquanto in pena
Chiamera, chiamera:
"Piccina mogliettina
Olezzo di verbena,"
I nomi che mi dava al suo venire.
Tutto questo avvera, te lo prometto.
Tienti la tua paura, - io con sucura
Fede l'aspetto."
Vídeo (aconselho ver os delicados detalhes, que dão singular emoção ao canto):
Cabe ressaltar que do ponto de vista histórico a ópera adquire ainda maior sentido, pois exprime um momento no qual efetivamente ocorreram episódios do gênero. Quando da abertura do Japão ao mundo ocidental, muitas uniões levianas foram permitidas, e nem sempre com desenlaces à la Cinderela, como podemos ver em Madame Butterfly.
see u. *;
Fontes:
http://vagalume.uol.com.br/giacomo-puccini/un-bel-di-vedremo.html
http://farm3.static.flickr.com/2088/2697792884_d4b7bb22ec.jpg?v=0
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