11.11.10

Medo


O pior de ter medo é não ter alguém para te abraçar e fingir que o medo não está ali.
O que há nas profundezas do coração meu...é cruel, é triste. Não merece ser transcrito, expresso.

Merece o esquecimento.
Resta apenas o silêncio agora. Sabe lá se amanhã o Sol vai ser menos cinza? Eu queria.

Querer é perder. Poder é ter. Ser é vazio.



"Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco."
(Carlos Drummond de Andrade)

"Veja o sol
Dessa manhã tão cinza
A tempestade que chega
É da cor dos teus olhos
Castanhos...
Então me abraça forte
E diz mais uma vez
Que já estamos
Distantes de tudo"
 (Tempo Perdido)

"O ser busca o outro ser, e ao conhecê-lo
acha a razão de ser, já dividido.
São dois em um: amor, sublime selo
que à vida imprime cor, graça e sentido.

"Amor" - eu disse - e floriu uma rosa
embalsamando a tarde melodiosa
no canto mais oculto do jardim,
mas seu perfume não chegou a mim."

(Carlos Drummond de Andrade)

Seu desejo não era desejo
corporal.
Era desejo de ter filho,
de sentir, de saber que tinha filho,
um só filho que fosse, mas um filho.

Procurou, procurou pai para seu filho.
Ninguém se interessava por ser pai.
O filho desejado, concebido
longo tempo na mente, e era tão lindo,
nasceu do acaso, o pai era o acaso.

O acaso nem é pai, isso que importa?
O filho, obra materna,
é sua criação, de mais ninguém.
Mas lhe falta um detalhe,
o detalhe do pai.

Então ela é mãe e pai de seu garoto,
a quem, por acaso,
falta um lobo de orelha, a orelha esquerda.
(Carlos Drummond de Andrade)


Ninguém jamais saberá o tamanho da dor. Dores. Minhas e de todo o resto.

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