25.9.11

do cais do amor absurdo.


Áspero amor, violeta coroada de espinhos,
cipoal entre tantas paixões eriçado, lança das dores,
corola da colera, por que caminhos
e como te dirigiste a minha alma?
Por que precipitaste teu fogo doloroso, de repente,
entre as folhas frias do meu caminho?
Quem te ensinou os passos que até mim te levaram?
que flor, que pedra, que fumaça
mostraram minha morada?
O certo é que tremeu noite pavorosa,
a aurora encheu todas as taças com teu vinho
e o sol estabeleceu sua presença celeste,
enquanto o cruel amor sem trégua me cercava,
até que lacerando-me com espadas
e espinhos abriu no coração um caminho queimante. 

(Pablo Neruda)

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