"A raposa e a pantera
Uma raposa e uma pantera discutiam sobre sua beleza. Como a pantera não parasse de gabar-se do brilho de seu pêlo, a raposa a interrompeu dizendo: "Eu sou mais bela que tu, eu sou brilhante não no pêlo, mas na inteligência!".
Moral: A fábula mostra que a grandeza da inteligência é superior à beleza do corpo."
Não raro nos vemos entregues ao torpor da beleza, efemêra, e obstamos em saborear as delícias de um espírito belo...
"Que pode uma criatura senão,
entre criaturas, amar?
amar e esquecer,
amar e malamar,
amar,desamar, amar?
Sempre, e até de olhos vidrados, amar?
Que pode, pergunto, o ser amoroso,
sozinho, em rotação universal, senão
rodar também, e amar?
amar o que o mar traz à praia,
o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha,
é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia?
Amar solenemente as palmas do deserto,
o que é entrega ou adoração expectante,
e amar o inóspito, o áspero,
um vaso sem flor, um chão de ferro,
e o peito inerte, e a rua vista em sonho, e uma ave de rapina.
Este o nosso destino: amor sem conta,
distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas,
doação ilimitada a uma completa ingratidão,
e na concha vazia do amor a procura medrosa,
paciente, de mais e mais amor.
Amar a nossa falta mesma de amor, e na secura nossa
amar a água implícita, e o beijo tácito, e a sede infinita."
entre criaturas, amar?
amar e esquecer,
amar e malamar,
amar,desamar, amar?
Sempre, e até de olhos vidrados, amar?
Que pode, pergunto, o ser amoroso,
sozinho, em rotação universal, senão
rodar também, e amar?
amar o que o mar traz à praia,
o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha,
é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia?
Amar solenemente as palmas do deserto,
o que é entrega ou adoração expectante,
e amar o inóspito, o áspero,
um vaso sem flor, um chão de ferro,
e o peito inerte, e a rua vista em sonho, e uma ave de rapina.
Este o nosso destino: amor sem conta,
distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas,
doação ilimitada a uma completa ingratidão,
e na concha vazia do amor a procura medrosa,
paciente, de mais e mais amor.
Amar a nossa falta mesma de amor, e na secura nossa
amar a água implícita, e o beijo tácito, e a sede infinita."
(Carlos Drummond de Andrade, Amar, Antologia Poética, 1960).
Um comentário:
Amei a fábula!
Luto muito comigo mesma para amar a pessoa, a inteligência, o sentimento, a atitude, a hitoria de vida e o que há de mais belo no interior do ser e não me deixar cegar pelo exterior, que sempre me leva a estabelecer um pre-conceito na maioria das vezes equivocado.
Quanto ao Drummond, fico com ele quando diz:
"Que pode uma criatura senão,
entre criaturas, amar?"
Postar um comentário