25.9.11

do cais do amor absurdo.


Áspero amor, violeta coroada de espinhos,
cipoal entre tantas paixões eriçado, lança das dores,
corola da colera, por que caminhos
e como te dirigiste a minha alma?
Por que precipitaste teu fogo doloroso, de repente,
entre as folhas frias do meu caminho?
Quem te ensinou os passos que até mim te levaram?
que flor, que pedra, que fumaça
mostraram minha morada?
O certo é que tremeu noite pavorosa,
a aurora encheu todas as taças com teu vinho
e o sol estabeleceu sua presença celeste,
enquanto o cruel amor sem trégua me cercava,
até que lacerando-me com espadas
e espinhos abriu no coração um caminho queimante. 

(Pablo Neruda)

20.9.11

a música perfeita.


Die Nacht öffnet ihren Schoß
Das Kind heißt Einsamkeit
Es ist kalt und regungslos
Ich weine leise in die Zeit

A noite abre sua capa
O nome da criança é solidão
Está gelada e imóvel
Eu choro suavemente no tempo

Ich weiß nicht wie du heißt
Doch ich weiß, dass es dich gibt
Ich weiß, dass irgendwann
Irgendwer mich liebt

Eu não sei qual é seu nome
Mas eu sei que você existe
Eu sei que qualquer dia
Alguém irá me amar

He comes to me every night
No words are left to say
With his hands around my neck
I close my eyes and pass away

Ele vem a mim toda noite
Não há palavras para falar
Com suas mãos em torno do meu pescoço
Eu fecho meus olhos e faleço

I don't know who he is
In my dreams he does exist
His passion is a kiss
And i can not resist

Eu não sei quem ele é
Em meus sonhos ele existe
Sua paixão é um beijo
E eu não posso resistir

Ich warte hier
don't die before i do
Ich warte hier
Stirb nicht vor mir

Eu espero aqui
Não morra antes de mim
Eu espero aqui
Não morra antes de mim

I don't know who you are
I know that you exist
(Stirb nicht)
Sometimes love seems so far
(Ich warte hier)
Your love i can´t dismiss

Eu não sei quem você é
Eu sei que você existe
(Não morra)
As vezes o amor parece tão distante
(Eu espero aqui)
O seu amor eu não posso rejeitar

Ich warte hier
Alle Häuser sind verschneit
Und in den Fenstern Kerzenlicht
Dort liegen sie zu zweit
Und ich, ich warte nur auf dich

Eu espero aqui
Todas as casas estão cobertas de neve
E luz de velas nas janelas
Eles repousam lá juntos
E eu, eu apenas espero por você

Ich warte hier
don't die before i do
Ich warte hier
Stirb nicht vor mir

Eu espero aqui
Não morra antes de mim
Eu espero aqui
Não morra antes de mim.




Rammstein - Stirb Nicht Vor mir

19.9.11

Desistir? Eu já pensei seriamente nisso, mas nunca me levei realmente a sério.
É que tem mais chão nos meus olhos do que cansaço nas minhas pernas, mais esperança nos meus passos do que tristeza nos meus ombros, mas estrada no meu coração do que medo na minha cabeça.

[Cora Coralina]

12.9.11

the wait...

"Who wants to live forever?

Who dares to love forever?

When love must die?

Oh! Touch my tears with your lips
Touch my world with your fingertips
And we can have forever
And we can love forever
Forever is our today

Who wants to live forever?
Who wants to live forever?
Who waits forever anyway?"

('Who wants to live forever '-  Queen - 1986)

11.9.11

by Oswaldo Augusto (http://oswaldoaugusto.com/)
"[...] Eu cheguei à conclusão que se o amor é verdadeiro, não existe sofrimento." (Renato Russo)

10.9.11

Gustav Klimt - O beijo

meu estado de espírito...

"Tanto de meu estado me acho incerto,
Que em vivo ardor tremendo estou de frio;
Sem causa juntamente choro e rio,
O mundo todo abarco, e nada aperto.

É tudo quanto sinto um desconcerto:
Da alma um fogo me sai, da vista um rio;
Agora espero, agora desconfio;
Agora desvario, agora acerto.

Estando em terra, chego ao céu voando;
Num'hora acho mil anos, e é de jeito
Que em mil anos não posso achar um'hora. [...]"

(Luís Vaz de Camões)

9.9.11

"Ah, se já perdemos a noção da hora
Se juntos já jogamos tudo fora
Me conta agora como hei de partir

Se, ao te conhecer, dei pra sonhar, fiz tantos desvarios
Rompi com o mundo, queimei meus navios
Me diz pra onde é que inda posso ir

Se nós, nas travessuras das noites eternas
Já confundimos tanto as nossas pernas
Diz com que pernas eu devo seguir

Se entornaste a nossa sorte pelo chão
Se na bagunça do teu coração
Meu sangue errou de veia e se perdeu

Como, se na desordem do armário embutido
Meu paletó enlaça o teu vestido
E o meu sapato inda pisa no teu

Como, se nos amamos feito dois pagãos
Teus seios inda estão nas minhas mãos
Me explica com que cara eu vou sair

Não, acho que estás se fazendo de tonta
Te dei meus olhos pra tomares conta
Agora conta como hei de partir..."

(Chico Buarque - Eu te amo)

3.9.11

ver amor onde não tem.



"Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.

Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.

Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teus ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.

Alguns, achando bárbaro o espetáculo
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação."
(Carlos Drummond de Andrade)