8.2.13

psicoterapia, talvez

Ah, aqueles dias. Aqueles tolos dias todos os dias, em que se pensa quatrocentas e noventa e sete vezes em desistir, em jogar tudo pro alto e ir embora sem dizer adeus. Nem "adeusinho". Reclamo demais e procuro manter isso sob controle...mas aonde colocar tamanha oscilação, perturbação, falta? Diacho!

Como sempre aqui é o cantinho no qual posso me esvaziar (paradoxalmente) sem ter que encher os ouvidos de - raros - amigos. Sinto-me amiga de muitos e considerada amiga de poucos. Você recebeu alguma declaração hoje?

O facebook é o berço da auto-comiseração. E não tenho o menor problema em admitir isso aqui. Alguns dias atrás vi uma pessoa que considero uns dos meus melhores amigos declarando amor eterno e admiração por uma amiga em comum: dias antes eu havia feito algo parecido para ele, recebendo pouco mais do que um "ah, obrigado.". Fiquei um tempo sem computador e sem acessar a internet, fato percebido por ninguém na tal rede social. E hoje, depois do computador continuar meio estragado, eis que vejo mais uma declaração de uma pessoa que amo muito para alguém. Bom, não que os destinatários não mereçam. Merecem escandalosamente. Mas sinto uma angústia: eu vou em todos os aniversários que posso, presenteio, escrevo, procuro estar, apesar dos apesares e das minhas chatices cíclicas. Procuro amar quem amo. E quando vejo todos se declarando em redes sociais, num "eu te amo" tão correspondido...e eu ali, só, sem nem um "Oi Mila, saudade de você"...aí dói. E fodas, dói mesmo. Pode ser inveja, ódio, enfim. Sinto-me abandonada pela família, que só existe em sua maioria quando eu procuro - salvo honrosas exceções que ocupam menos que uma mão com todos os dedos íntegros; sinto-me indigna de receber amor dos amigos, que nem sei me acham melhor amiga ou coisas que  valha.

CARA. Em casa depois de um dia de trabalho fatigante, ver que o computador continua bizarro, que os amigos continuam se amando nas redes sociais e fora delas e eu nessa sensação de abandono, sem um companheiro sequer para desabafar (quem desabafa é cretino e insuportável, sei o que sou) e sem mensagens lindas das amizades que devem existir, dá aquela vontade de sumir do mapa.

Mapa. O que mais tenho sonhado esses dias é em persegui-lo. Canso-me de querer que me amem quando não dignar-me-ei disso, trabalho buscando crescimento que nem se sabe quando (sem falar do blablablá já lutei até os rins caírem para chegar aqui nessa lama menos podre, um degrau com menos lodo. o degrau de porcelanato ainda está por vir). Canso-me de ser aprazível apenas aos olhos de quem não faz sentido. Canso-me de me esforçar e ver o Sol se pôr sozinha. Acho que não sou melhor amiga de ninguém. Ledo engano aos sentidos.

Preciso de um chá, de uma sumida. Realizar o velho sonho de ir para a África ajudar o povo. Ajudar a família aqui, afinal, não tem gerado gratidão. A solidão em casa, na rua, em todos os cantos inexplorados. A saudade do que nunca existiu. Hoje sou uma colcha de retalhos retalhada. Hoje quis desistir. No entanto, vou continuar. Porque, por algum motivo deplorável, minhas veias são de ferro e meu coração é de sangue. Impossível parar, se ainda houver algum sonho.