29.8.10

Defina-me em uma Tira



Só quem me conhece muito bem entenderá...

Pedras & Flores


Aqui dentro há tanta dor que nada mais se enxerga. O passado se reapresenta em seu fúnebre esplendor: traz sofrimentos de tempos findos.
A dor não se cala, não dorme, não cerra os olhos buscando umidade. Ela fita. Sangra até meus ossos, reacende dores do outrora, salienta as do então e promete não ausentar-se.
Não somos feitos de sonhos. Somos feitos de pedras e flores. Poucas flores, em verdade. As pedras pesam tanto... e muitos jamais encontram com quem dividir o fardo. Eu não achei. Quanto tento sonhar, as facadas em meu peito doem mais.
Agora não vejo flores. Talvez definharam em meio à lúgubre escuridão da minha alma. Tantas sementes lançadas: amor, paciência, compreensão. Todas machucadas pelo Sol, impávido senhor das ausências.
Havia um mundo lindo no qual eu existia; nele meus sorrisos não rareavam. Ele desmoronou, acabou, desmanchou, tornou ao pó.
Agora existem apenas meu eu e este olhar que carrega dores que a própria dor desconhece. Solidão e sonhos despedaçados banqueteiam junto a mim. Tranco-me.

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Há você. Essa incógnita que ainda nada pode contra as garras do sofrimento.
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Dói meu corpo, dói meu coração. Se alguém se aventurasse a perscrutá-lo, derreteria em lágrimas até o último solstício. O irônico é que existem dores de outros, que eu desconheço também, e que cortam ainda mais. Carreguemos nosso baú de pedras, até que as forças findem ou finalmente nasça uma flor na estrada.

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Sem rima e sem beleza, me acabo.