22.6.10

Luís de Camões & Metallica


O que dizer de quem traduz os mesmos sentimentos em tempos diferentes? A voz que flui da alma entoa a mesma canção, parafraseando o escuro e fúnebre existir dos sentidos. Que pessoas vazias não cruzem nossos caminhos e preencham nossos corações com seu nada.

 Lá...

"Tempo é já que minha confiança
se desça de sua falsa opinião;
mas se Amor não se rege por razão
não posso perder, logo, a esperança.
  
A vida sim; que uma áspera mudança
não deixa viver tanto um coração;
E eu na morte tenho a salvação:
Sim; mas quem a deseja não a alcança.

Forçado é, logo, que eu espere e viva.
Ah, dura lei de Amor, que não consente
quietação numa alma que é cativa!

Se hei de viver, enfim, forçadamente,
para que quero a glória fugitiva
de uma esperança vã que me atormente?"

 Camões
E cá...
"And now I wait my whole lifetime
for you
[...]

I ride the dirt I ride the tide
for you
I search the outside search inside
for you

To take back what you left me
I know I'll always burn to be
The one seeks so I may find
And now I wait my whole lifetime

Outlaw Torn
Outlaw Torn
And I'm torn

So on I wait my whole lifetime
for you
[...]

The more I search, the more my need
for you
The more I bless, the more I bleed
for you

You make me smash the clock and feel
I'd rather die behind the wheel
Time was never on my side
So on I wait my whole lifetime

Outlaw Torn

[...]

Hear me
And if I close my mind in fear
Please pry it open
See me
And if my face becomes sincere
Beware
Hold me
And when I start to come undone
Stitch me together
Save me
And when you see me strut, remind me of what left this outlaw torn. "

Metallica - Outlaw Torn

12.6.10

Divagações














Ele existe, ele está em você e ao seu redor. Respire-o e sinta-o no ar fresco da manhã, na delicada canção dos ventos, no sorriso gentil de um desconhecido, na alegria incontrolada de quem transpôs um obstáculo, na melodiosa canção de um coração apaixonado. Ele está em todo lugar, por mais que o tentem despedaçar. Mesmo que mil pedras o atinjam, seu brilho se perpetuará na alma dos esperançosos.














Para finalizar, uma canção baseada numa confusa e trágica história de amor. ^.~


8.6.10

Professores


Ninguém disse que seria fácil...espero que ao menos seja gratificante e glorioso.













Créditos da Tira: Bichinhos de Jardim (ówn)

7.6.10

Ah, o amor...


Meu coração tem catedrais imensas,
Templos de priscas e longínquas datas,
Onde um nume de amor em serenatas,
Canta a aleluia virginal das crenças.

Na ogiva fúlgida e nas colunatas
Vertem lustrais irradiações intensas
Cintilações de lâmpadas suspensas
E as ametistas e os florões e as pratas.

Como os velhos Templários medievais
Entrei um dia nessas catedrais
E nesses templos claros e risonhos...

E erquendo os gládios e brandindo as hastes
No desespêro dos iconoclastas,
Quebrei a imagem dos meus próprios sonhos!

(Augusto dos Anjos - Vandalismo)
Ah, o amor...
O amor é uma merda.



2.6.10

O Jardim Secreto {ou De Persona Mea}


Praticamente ninguém ou talvez ninguém sabe o que aquelas portam encerram. Aqueles extensos e altíssimos muros transbordam uma relva já não tão verde; saliente e chorosa. É difícil transpor os galhos rigidamente entremeados e vislumbrar a nudez da parede pedregosa. É um mistério que envolve tão intransponíveis muralhas... O portal é belo, embora melancolicamente arquitetado. Parece grosso em largura, e certamente o é. Vigorosos umbrais de carvalho, já escurecidos pela fértil ação dos temporais e longos invernos, apresentam-se mesmo aos olhos mais desapercebidos.


Assoma o espírito a sensação de que por detrás de tão temíveis muros e tão amedrontadora porta, exista um jardim. Um belo jardim, possivelmente. Alguns observadores mais atentos que demoraram-se em tentar desvendar os mistérios ali escondidos, asseguraram poder sentir o doce cheiro de flores primaveris. Glicínias, dálias e violetas, talvez. Cheiro forte, lânguido e alentador, mas perceptível somente aos mais corajosos que quedaram-se em transpor os muros com outros sentidos que não o visual.






No outono e no inverno a rigidez circunscreve-se mais firmemente no jardim. Secreto. A força do vento e do frio cega o olhar e dissipa as esperanças de encontrar uma chave ou uma forma de captar os tesouros que ali podem estar escondidos. O que será que há ali dentro?? Dores, alegrias, sofrimento, amores? Perdas, resignação, impulsividade? O pouco que pode-se perceber é o cheiro, é a inquietude e a verve do decadente exterior.

Alguns afiançam ter encontrado pequenas janelas ali. Esmaecidas, embaçadas e quase invisíveis por detrás dos duros galhos e folhas. A pouca nitidez alcançada com o auxílio da luz do Sol permitiu, diz-se, admirar um pequeno paço abandonado. Uma fonte de água, belamente adornada, inquieta em meio aos canteiros, descansava ali. Flores dançavam com o vento, flores que pareciam lágrimas besuntadas de esperanças e vazios. Umas poucas fraturas no interior dos muros, mas tudo ainda de pé, resistindo ébriamente ao tempo e à erosão que ele contorna nas almas. Tudo tão belo, tão misterioso...tão desconhecido.

Penso no dia em que um aventuroso personagem enfim enxergará o que aquelas pedras úmidas e lodosas encerram. De forma completa e irreal.

...

Verídico