31.12.13

New Year's Eve

Ah, 2013... você está chegando ao fim, finalmente. E nesse momento, que paro um bocado para pesar e repensar tudo que você me trouxe nesses 365 dias, percebo que não foi tão diferente dos outros anos. Algo a mais de bom, algo a menos de ruim. No mais, crescimento e fortalecimento.

Esse ano eu reaprendi a valorizar a minha família, parte de mim que é essencial e que nem sempre consegui compreender em suas particularidades. Ganhei uma irmãzinha, amei ainda mais a minha irmã materna, figura por quem sou apaixonada e grata. Ganhei de aniversário um sobrinho, a quem amarei loucamente e vou corujar feito doida. Certeza. Esse ano vovó foi pro céu...e deixou muita lembrança e tristeza. Mudei para uma casa melhor com minhas queridas primas, com quem a convivência é infinitamente mais prazerosa. Aprendi que a desunião pode ser vista com auto-comiseração ou encarada como uma chance de que, no futuro, possa construir minha própria família com as coisas que não pude ter: histórias ao leito, conversas compreensivas, oportunidades, festas, apoio... Penso ser hora de deixar mais um pedaço do meu passado negro e olhar ao horizonte com esperança. Como Tolkien me ensinou.

Esse ano revi amigos perdidos e vi que a distância não é nada para almas afins. Fortaleci ainda mais meus laços com meus amigos mais próximos e espero que tais vínculos jamais pereçam. Ana Cristina, Agatha, Ana Paula, Rodrigo, Daniel Phillipp, Sérgio, Rafael, Dênio, Paula, obrigada por serem almas afins. E a mais muitos amigos que adoro imensamente, obrigada pela reciprocidade e companheirismo. Vocês são únicos.

Tive momentos de muita tristeza profissionalmente, mas graças a Deus me reergui e aprendi algumas lições. Reconstruí sonhos, planejei projetos e alguns concluí. Sonhadora que sou, já penso em novos tijolos para meu castelo de luz. Venci a tempestade e, hoje, creio estar mais próxima do próximo degrau na minha carreira. Com mais sabedoria e menos ansiedade.

Esse ano não encontrei ninguém especial. Esse ano não amei. Termino o ano sozinha e pensativa. Não ligo mais para essa coisa de 'namorar, casar e tal'. Fiquei meio rebelde. Se era esse o objetivo da vida, parabéns. Não padeço mais de esperanças amorosas. Apenas um vazio incorrigível no lugar. 

Finalmente, esse ano de 2013 foi bonito. Tive conversas prazerosas, passeei, sonhei, realizei. Tive reencontros inusitados e vi o tanto de carinho que podemos guardar por quem passa em nossas vidas. Desfiz mágoas e criei mais laços. Chorei. Ri. Fiquei só em algumas sessões de cinema e idas em livrarias. Fiquei acompanhada de amigos preciosos em sessões de RPG, aniversários e encontros para pôr o papo em dia. E ao fim e ao cabo, resta uma ideia: estive feliz. Percalços sempre terei, mas em alguns momentos, saboreio a luz da felicidade em grandes doses. 

Anteontem, fui na minha irmã e ela me mostrou um filhotinho de bem-te-vi que caíra do ninho e ainda não sabia voar. Estava ali, à mercê. Vi, com algum espanto, que os pais dele iam e vinham, vigiando, cuidando e alimentando. Ele, mais tarde, subiu num arbustozinho e ali ficou, à espera do futuro. Senti-me ligada a ele de uma forma curiosa: também fui atirada à vida muito cedo. E, mesmo com tanta adversidade, Deus sempre colocou pessoas iluminadas por perto. Caro bem-te-vi: não desista. A vida pode ser bonita pra gente.

E que venha 2014! Feliz ano novo!


10.10.13

sobre Ortelius e Cicerus


 "QVID EI POTEST VIDERI MAGNVM IN REBVS HVMANIS, CVI AETERNITAS OMNIS TOTIVSQVE MVNDI NOTA SIT MAGNITVDO “ CICERO (106-43 BC), Tusculans Disputations, Book 4, chapter 17


“What in human life can seem vast to the one who knows eternity and the expanse of the whole world?”


O mundo é tão vasto...o universo é tão vasto...a mente humana é tão vasta...e às vezes, somos igualmente vastos. No entanto, em meio a tamanha imensidão e desconhecimento, sinto-me pequena e só. Somos tão pouco e a vastíssima ignorância e brutalidade do ser humano machuca deveras. E, se o amor ainda persiste, é porque ele coexiste em algumas almas que são ainda mais infinitas que a dor. O mundo, desde sempre, tem fronteiras imaginárias. A Terra é uma, o Universo é um. Somos todos um e iguais, mesmo que tentemos nos achar superiores a outros de nossa espécie.


Mapa de Abraham Ortelius, c.1570

20.8.13

sobre hoje...


A gente é tão bobo que deixa de fazer coisas e viver coisas facilmente. Hoje às 18h30 em Beagá: ponto de ônibus entupido e do circular na Contorno nem sinal...decidi pegar um táxi pensando com meus botões (já um tanto gastos): "Que droga! Gastar esse dinheiro assim do nada...". Tempos depois consigo um, e quando estou prestes a entrar vem uma moça: "Aqui, você vai até aonde?" "Ah moça...até ali embaixo no Boulevard..." "Vamos meiar?" Aí eu realizo: CLARO!  E como se não bastasse a euforia e a ideia super bem-vinda (minha timidez bizarra não permitira sair oferecendo meiar transporte por aí, do nada, em um ponto de ônibus), vieram mais duas moças se oferecendo para ir conosco. Galera no táxi e estrada à frente: papo foi bom, a corrida nem pesou no bolso e tive essa incrível experiência que passo adiante e tentarei repetir da próxima vez que o ônibus demorar trezentos milênios para passar (abarrotado) (e se a minha vergonhice permitir, claro).

E agora, essa Lua fofinha da janela do meu quarto...mudar fez bem mesmo... 

18.8.13

Sobre pensamentos, tristezas incontidas e alegrias limitadas

i: Sobre amor e esferas sociais: Há tempos venho querendo voltar a perambular por aqui, desabafar meus medos, descrever minhas paixões...aqui é meu cantinho feliz e infeliz, o local do não-importa, o sem-lugar dos meus pensamentos completamente agitados e incontroláveis. Esses dias muita coisa aconteceu, muita coisa aconteceu em mim e no mundo. Reaprendi a lutar contra traumas do passado (longa caminhada), revigorei alguma esperança na vida, refiz amizades que julgava perdidas. Tal qual montanha-russa, continuo nos meus altos e baixos que me definem ipsis litteris: sou metamorfose descabida e talvez por isso amada. Falando em amor, nesse primeiro tópico da volta aos escritos no blog: esses dias vivi algo desagradável, um dèja vu...fiquei grilada (ainda estou, a bem dizer). Sempre achei que a ideia de alguém fracassar em um relacionamento devido a esferas sociais antagônicas fosse roteiro de filme de amorzinho e de novela mexicana. Não. É real e sólido, é nojento e pulsante nas veias de nossa sociedade pseudo-civilizada e pouco versada em assuntos que envolvam Amor. Conheci alguém anos atrás, tivemos um filho inclusive, e parte considerável do fracasso da relação foi social: eu era pobre demais para ele e sua família. Ele me fez pensar que não fosse honroso ser alguém que luta pelas coisas, que dá faxina para sobreviver e sustentar várias bocas. Ele despreza aquela mulher lá na favela que dá o maior duro para criar filhos que mais tarde e ascenderão socialmente e serão reconhecidos como verdadeiras pérolas polidas pelas adversidades. Prole que sairia incólume: sem odiar, sem vingar. Esse rapaz me fez desacreditar em amor...durante muito tempo. E poucos anos depois, cá estou, já revigorada do rebaixamento por ele atribuído: e profissionalmente já equiparável a ele e sua família de malucos ostentadores de classe média pseudo-alta. Não o odeio, apenas desprezo. Assim como desprezo o último que tive a ousadia de gostar; e que recaiu na mesma peripécia: não seguir adiante por achar que não condigo com status quo da admirabilíssima família à qual pertence. Sinceramente...cansei. Não sei mais o que quero: o cara pobre e pouco esforçado não compartilha dos meus ideais de crescimento; o cara que tem um pouco mais de dinheiro se acha o dono do quarteirão e bom demais para algo menor que uma patricinha moderna e de boa família tradicional. Resta a solidão. Os livros. Os amigos. Os filmes. Os passeios amargurados e solitários. O RPG. Os planos e sonhos. Alguma família desestruturada e amada. A doação e o amor aos necessitados. O Divino. Os traumas, medos e raivas dessa galáxia. E a alegria limitada que me encontra em doses homeopáticas a cada dia conquistado. É, na verdade...resta muita coisa.

things to remember I


22.5.13

Ah se pelo menos o pensamento
não sangrasse!
Ah se pelo menos o coração
não tivesse memória!
Como seria menos linda
e mais suave minha história!

(Cacaso)

10.5.13

wondering...

(...)Sometimes I start to tremble in the dark
I cannot see
When people frighten me
I try to hide myself so far from the crowd
Is anybody there to comfort me
Precious Lord...hear my thee and take care of me

How can I go on
From day to day
Who can make me strong in every way
Where can I be safe
Where can I belong
In this great big world of sadness
How can I forget
Those beautiful dreams that we shared
They're lost and they're no where to be found.

(Freddie Mercury and Montserrat)

8.2.13

psicoterapia, talvez

Ah, aqueles dias. Aqueles tolos dias todos os dias, em que se pensa quatrocentas e noventa e sete vezes em desistir, em jogar tudo pro alto e ir embora sem dizer adeus. Nem "adeusinho". Reclamo demais e procuro manter isso sob controle...mas aonde colocar tamanha oscilação, perturbação, falta? Diacho!

Como sempre aqui é o cantinho no qual posso me esvaziar (paradoxalmente) sem ter que encher os ouvidos de - raros - amigos. Sinto-me amiga de muitos e considerada amiga de poucos. Você recebeu alguma declaração hoje?

O facebook é o berço da auto-comiseração. E não tenho o menor problema em admitir isso aqui. Alguns dias atrás vi uma pessoa que considero uns dos meus melhores amigos declarando amor eterno e admiração por uma amiga em comum: dias antes eu havia feito algo parecido para ele, recebendo pouco mais do que um "ah, obrigado.". Fiquei um tempo sem computador e sem acessar a internet, fato percebido por ninguém na tal rede social. E hoje, depois do computador continuar meio estragado, eis que vejo mais uma declaração de uma pessoa que amo muito para alguém. Bom, não que os destinatários não mereçam. Merecem escandalosamente. Mas sinto uma angústia: eu vou em todos os aniversários que posso, presenteio, escrevo, procuro estar, apesar dos apesares e das minhas chatices cíclicas. Procuro amar quem amo. E quando vejo todos se declarando em redes sociais, num "eu te amo" tão correspondido...e eu ali, só, sem nem um "Oi Mila, saudade de você"...aí dói. E fodas, dói mesmo. Pode ser inveja, ódio, enfim. Sinto-me abandonada pela família, que só existe em sua maioria quando eu procuro - salvo honrosas exceções que ocupam menos que uma mão com todos os dedos íntegros; sinto-me indigna de receber amor dos amigos, que nem sei me acham melhor amiga ou coisas que  valha.

CARA. Em casa depois de um dia de trabalho fatigante, ver que o computador continua bizarro, que os amigos continuam se amando nas redes sociais e fora delas e eu nessa sensação de abandono, sem um companheiro sequer para desabafar (quem desabafa é cretino e insuportável, sei o que sou) e sem mensagens lindas das amizades que devem existir, dá aquela vontade de sumir do mapa.

Mapa. O que mais tenho sonhado esses dias é em persegui-lo. Canso-me de querer que me amem quando não dignar-me-ei disso, trabalho buscando crescimento que nem se sabe quando (sem falar do blablablá já lutei até os rins caírem para chegar aqui nessa lama menos podre, um degrau com menos lodo. o degrau de porcelanato ainda está por vir). Canso-me de ser aprazível apenas aos olhos de quem não faz sentido. Canso-me de me esforçar e ver o Sol se pôr sozinha. Acho que não sou melhor amiga de ninguém. Ledo engano aos sentidos.

Preciso de um chá, de uma sumida. Realizar o velho sonho de ir para a África ajudar o povo. Ajudar a família aqui, afinal, não tem gerado gratidão. A solidão em casa, na rua, em todos os cantos inexplorados. A saudade do que nunca existiu. Hoje sou uma colcha de retalhos retalhada. Hoje quis desistir. No entanto, vou continuar. Porque, por algum motivo deplorável, minhas veias são de ferro e meu coração é de sangue. Impossível parar, se ainda houver algum sonho.

20.1.13

new year...

Demorei falar nesse ano que desabrocha febrilmente. Talvez por estar meio desiludida, meio perdida com algumas pessoas, meio querendo me encontrar em meio a destroços de toda uma vida, filmes, livros, amores, desejos, planos, poesias, flores. Ah! Tanto sou e não posso - nem quero - minguar. Ano passado decerto foi um ano maravilhoso, com conquistas incríveis...pessoas maravilhosas...livrei-me de alguns pesadelos e me fortaleci em relação a alguns. Senti faltas. Agradeci perdas. Encontrei tesouros. Perdi jóias que não mereciam ser perdidas - mas o mar as quis. E assim vou caminhando...começo esse ano perdida...esperando encontrar-me em meio aos sonhos - escrombros - que vagueiam por minha mente todos os dias, todos os minutos. Sonhos em que voo para bem longe, para a África. Para a guerra, ajudar. Para a sina, na qual encontro amor. Eu sempre volto. Será que um dia?...

Clima de Carnaval. Hoje - fim de semana enclausurada - passei o dia ouvindo A ópera do malandro, do Chico, e marchinhas de carnaval das décadas de 1940 a 1960. Sabe que beleza há nisso? Só ouvindo...agradeço a Deus ainda as desventuras, as conquistas, os anseios...talvez os medos. Sinto-me tão triste, feliz, grata e incompleta. Tudo ao mesmo tempo. Sou dessas coisas costuradas como uma colcha de retalhos. Mil cores.

Como dissolver traumas? Amar e ajudar todos? Planejar e fazer? Perguntas que precisam da sabedoria dos anos para serem respondidas. Muitas travessias ainda...Cá fico com amigos que moram em meu coração: uns cinco ou seis, valiosos. Fico ainda com meus livros, minha liberdade...e minha solidão. E essa, só darei a quem realmente merecer e souber conquistar. Sem pretensões. Apenas sinto que há vazios que não adianta preencher de qualquer jeito...deve-se calcular, medir, sentir e naquela batida calamitosa de um coração saber que a hora chegou. Assim espero descobrir o amor. Quem sabe...