31.1.12

Estrada, querida amante

Empreendo viagem amanhã de manhã. Sozinha. Não, com Deus. E com sonhos, objetivos, vontades e anseios. Doida de amor para abraçar a vovó mais linda do universo. Ah, aqueles olhinhos azuis com pintinhas!!! Ela não me reconhece mais racionalmente, mas aquele sorriso que sempre está naquele rostinho só pode ser de amor não esquecido. Memória de sentimentos.

Espero esquecer grandes problemas, pequenas questões. Filtrar o ar puro dos ares longínquos e sofrer menos pela falta de amor e/ou solidão que tem me afligido. Espero respirar e agradecer cada centímetro cúbico de vida com que tenho sido presenteada. Espero não culpar quem não liga ou manda mensagem de saudade. E reconhecer quem está ali, sempre. Espero voltar mais disposta, mais animada, mais viva. Renovar um pouco essa alma aflita do viver endurecido.

Vou após me despedir bem de alguns e meio triste por não ter dado estalo em todos que mereciam. Mesmo assim ainda há tempo, há retornos, há saudades que vestem o reencontro dos véus mais belos e cheirosos. E lá vou para a velha conhecida estrada, que se parece muito com a vida: cheia de buracos, pedras, acidentes, flores, cheiros, nuvens, céu, gente, sono. Irei sonhando com o Amor. E no retorno espero ter muito Amor para abraçar :)


 Longe é um lugar que não existe. (Richard Bach)

29.1.12

confissões

Queria ter coragem
Para falar deste segredo
Queria poder declarar ao mundo
Este amor
Não me falta vontade
Não me falta desejo
Você é minha vontade
Meu maior desejo
Queria poder gritar
Esta loucura saudável
Que é estar em teus braços
Perdido pelos teus beijos
Sentindo-me louco de desejo
Queria recitar versos
Cantar aos quatros ventos
As palavras que brotam
Você é a inspiração
Minha motivação
Queria falar dos sonhos
Dizer os meus secretos desejos
Que é largar tudo
Para viver com você
Este inconfesso desejo.

[Carlos Drummond de Andrade, Inconfesso desejo]


18.1.12

I'v been dreamed about Love...

"And why can't we laugh?
When it's all we have
Have we put these childish things away?
Have we lost the magic that we once had?
In the end, in the end
There's nothing more to life than love, is there?
In the end, in the end
 It's time for us to lose our weary minds
Will you dance with me?
Like we used to dance
And remember how to move together
You are the torch
And it all makes sense
I've waited here for you forever."

Snow Patrol - In the end

15.1.12

Once upon a time...

Ao som de George Fenton - Ever After, a Cinderella story - soundtrack.

Sou esquisita. Olho para trás e para mim, talvez para o futuro: me espanto com tantos graus de tamanha e hedionda esquisite. O que é estranho, afinal? A meu ver míope e sobrecarregado de tragédias, é o unsual, o que foge do senso comum, da realidade, do perceptível. E é isso, sou esquisita mesmo.

Para fugir dos padecimentos, meio que criei meu próprio universo. Minha vida às vezes me assusta, foram tantas coisas em tão pouco tempo...pouquíssimos sabem. Dessa vida acumulada e mais que lutada resulta alguma admiração - que não nego que me faz forte também - e resulta um tanto de tristeza, que poderia dar em frustração com a vida. Sabe? Mas não dá, ao menos até então. Deve-se a esse fortuito caminho do meio meu universo esperançoso e colorido, no qual busco acreditar cada segundo de cada segundo meu nessa Terra de Deus.

Eu velejo e torno-me viajante contínua de C.S. Lewis, Tolkien, Marion Zimmer Bradley e outros tantos porque eles me ajudam a acreditar em mundos alternativos. Mundos esperançosos, cheios de valentia, honestidade, compaixão e amor. Sim, amor.  Meu universo particular tem mais amor que todo um conto de fadas. Na verdade, tem mais amor que todos os contos de fadas somados e elevados à sétima potência! Só não tem mais amor que Ele tem em seu seio. É amor demais, amor é tudo que precisamos. É tudo que não temos.

Hoje revi pela décima vez, talvez, o meu filme favorito: Ever after ou Para sempre Cinderella. Soo ridícula para muitos. Não me importo, não hoje. Vejo e choro todas as vezes, porque ali tem tanto do que eu acredito! A atitude corajosa de Danielle de Barbarac ajudando os servos, sua humildade perante as humilhações, sua sede de viver não obstante as sérias dificuldades, sua vontade de amar. E encontrando o amor, crê nele mesmo vendo-o impossível. O perfeito conto de fadas. E, mesmo vivendo no décimo segundo ano do segundo milênio (DC), antro de intocada 'modernidade', eu ACREDITO em contos de fadas. Amor de verdade. Não esse amorzinho pequeno que proclamam por aí em altos falantes em redes sociais. Amor, amor. Daqueles que tiram a respiração e fazem a alma voar para montanhas longínquas. Aquele que nós ainda não conhecemos pessoalmente.



Pois é. Hoje foi um dos fatídicos dias que meu universo quebrantou-se e tive medo. E chorei amargamente por não saber se conhecerei o amor. Amor de companhia, de cuidado, de família para cuidar. De dar brilho nos olhos, daqueles de dar inveja em todo tipo de lustra móveis. Há anos que estou sozinha e cada dia busco forças para continuar acreditando. Busco amor nos amigos e familiares para catar os pedaços que já despedaçaram desse coração. Aí hoje deu medo, medo de ficar só. Ficar não. Continuar...

Desabafei. Coisas que não podem ser ditas não devem ser ditas. Apenas esse coração aqui sabe as faltas que possui. Falta de ausência, não de erro. No entanto, eu erro. {Quero errar com alguém}.

Fé. E amor, claro.

3.1.12

Novo, de novo

Frase clichê para abrir o ano: "A gente gosta enquanto pode, esquece quando é preciso e aprende que só vale a pena lutar por aquilo que vale a pena possuir."

Mais um Ano Novo se apresenta e depois de longo silêncio, decidi tornar à fala. Ao menos a essa fala emudecida que a virtualidade nos permite. 2011 decerto foi um ano atípico, assim como muitos outros anos meus foram.

Conheci pessoas - muitas - assim como desconheci outras. Vi facetas cruéis e corações bondosos. Tive o coração desfeito - num desses desditosos infortúnios em que cedemos nosso amor a alguém sem honra e caráter. Mas já foi, já me libertei. Tive o coração refeito também e isso me deu (e dá) forças. Nas agruras da doença inesperada ou da desilusão com a vida vi-me (como outrora) cercada pela mão de Deus e de pessoas absolutamente maravilhosas que Ele pôs no meu caminho. Senti medo e fiquei mais de um mês sem ver direito, e nesses momentos me senti ainda mais amparada por amigos e família. E, mesmo com medo e com o coração partido, pude prosseguir.

Ano Novo. Planos novos. Novas expectativas. E quanto ao resto? Dizem para não vivermos do passado, mas vim da História e historiadora sou, o passado me é caro de muitas formas. É por ele que caminhei para chegar aqui e ser quem eu sou.

2011 descobri novas formas de amar quem eu já amava antes e aprendi a amar novos seres. Tentei agir com justiça e bondade e errei exaustivamente. Aprendi com meus erros e espero errar mais para continuar aprendendo. Senti n'alma um incalculável despejo de serotonina com os muitos abraços que dei e recebi, boas palavras que disse e ouvi. Amarguei-me por ter dito palavras desnecessárias ou ferinas. Li mais a Bíblia e os livros que me incendeiam a mente. Vi que tenho famílias não-sanguíneas e me sinto radiante por isso. Apesar de tanto desamor, me senti amada e querida (por muitos seres incríveis e preciosos...). Não encontrei ainda um amado companheiro. Quem sabe esse ano algo está guardado.

Todos vencemos e conquistamos coisas boas esse ano que passou. Também perdemos, choramos, desesperamos. Um ciclo que pode parecer repetitivo, mas é único. Agora olho pra trás e vejo que, não obstante desilusões, doenças, falta de dinheiro e sonhos não cumpridos (ainda), o ano passado foi lindo. E lindo continuará esse, único em cada segundo. Agradeço a Deus por me dar de presente mais esse ano de experiências e vivências colhidas do mais cheiroso dos jardins celestes.

Já fiz os planos para 2012. Uns difíceis, outros nem tanto. Um ou outro quase impossíveis em um ano. Não importa o resultado, afinal. Importa sentir, distribuir amor, fazer o bem ao próximo e esforçar-se pelo que deseja o coração. O resto será consequência.

Feliz ano novo a todos! :)


"Entre mim e mim, há vastidões bastantes
para a navegação dos meus desejos afligidos.

Descem pela água minhas naves revestidas de espelhos.
Cada lâmina arrisca um olhar, e investiga o elemento que a atinge.

Mas, nesta aventura do sonho exposto à correnteza,
só recolho o gosto infinito das respostas que não se encontram.

Virei-me sobre a minha própria experiência, e contemplei-a.
Minha virtude era esta errância por mares contraditórios,
e este abandono para além da felicidade e da beleza.

Ó meu Deus, isto é minha alma:
qualquer coisa que flutua sobre este corpo efêmero e precário,
como o vento largo do oceano sobre a areia passiva e inúmera..."

(Cecília Meireles, Noções)