18.8.13

Sobre pensamentos, tristezas incontidas e alegrias limitadas

i: Sobre amor e esferas sociais: Há tempos venho querendo voltar a perambular por aqui, desabafar meus medos, descrever minhas paixões...aqui é meu cantinho feliz e infeliz, o local do não-importa, o sem-lugar dos meus pensamentos completamente agitados e incontroláveis. Esses dias muita coisa aconteceu, muita coisa aconteceu em mim e no mundo. Reaprendi a lutar contra traumas do passado (longa caminhada), revigorei alguma esperança na vida, refiz amizades que julgava perdidas. Tal qual montanha-russa, continuo nos meus altos e baixos que me definem ipsis litteris: sou metamorfose descabida e talvez por isso amada. Falando em amor, nesse primeiro tópico da volta aos escritos no blog: esses dias vivi algo desagradável, um dèja vu...fiquei grilada (ainda estou, a bem dizer). Sempre achei que a ideia de alguém fracassar em um relacionamento devido a esferas sociais antagônicas fosse roteiro de filme de amorzinho e de novela mexicana. Não. É real e sólido, é nojento e pulsante nas veias de nossa sociedade pseudo-civilizada e pouco versada em assuntos que envolvam Amor. Conheci alguém anos atrás, tivemos um filho inclusive, e parte considerável do fracasso da relação foi social: eu era pobre demais para ele e sua família. Ele me fez pensar que não fosse honroso ser alguém que luta pelas coisas, que dá faxina para sobreviver e sustentar várias bocas. Ele despreza aquela mulher lá na favela que dá o maior duro para criar filhos que mais tarde e ascenderão socialmente e serão reconhecidos como verdadeiras pérolas polidas pelas adversidades. Prole que sairia incólume: sem odiar, sem vingar. Esse rapaz me fez desacreditar em amor...durante muito tempo. E poucos anos depois, cá estou, já revigorada do rebaixamento por ele atribuído: e profissionalmente já equiparável a ele e sua família de malucos ostentadores de classe média pseudo-alta. Não o odeio, apenas desprezo. Assim como desprezo o último que tive a ousadia de gostar; e que recaiu na mesma peripécia: não seguir adiante por achar que não condigo com status quo da admirabilíssima família à qual pertence. Sinceramente...cansei. Não sei mais o que quero: o cara pobre e pouco esforçado não compartilha dos meus ideais de crescimento; o cara que tem um pouco mais de dinheiro se acha o dono do quarteirão e bom demais para algo menor que uma patricinha moderna e de boa família tradicional. Resta a solidão. Os livros. Os amigos. Os filmes. Os passeios amargurados e solitários. O RPG. Os planos e sonhos. Alguma família desestruturada e amada. A doação e o amor aos necessitados. O Divino. Os traumas, medos e raivas dessa galáxia. E a alegria limitada que me encontra em doses homeopáticas a cada dia conquistado. É, na verdade...resta muita coisa.

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