9.12.10

Like a Stone



Hoje é mais um daqueles fatídicos dias de desabafo...os quais você fica chorando horas a fio, por tudo e por nada. O choro chora e você desaba. Falo na segunda pessoa do discurso, mas em verdade falo de mim. Com o coração rasgado e navegando por uma frase de "Fade to Black": I have lost the will to live.

2010 foi um ano de tormentos e tormentas. O ano começou com um fim e finda com outros fins. Os planos que fiz foram por água a baixo...não uma, mas três vezes. Amei e não recebi amor em retorno, chorei e apenas o vento secou meu pranto, almejei e descobri-me em profundo fracasso.

A vida inteira foi um transtorno, com problemas, problemas, problemas. Momentaneamente houve brisa, descanso. Em seguida o monstro a ser enfrentado era um monstrengão, enfiando suas garras afiadas nas minhas veias. Eu não faço a menor idéia de como cheguei aqui com alguma sanidade, se já quis desfazer-me da vida inúmeras vezes. Vãs tentativas. O sofrimento ata minhas mãos e eu me sinto tão desesperançada, incompetente e sozinha...não sozinha de amigos - são pouquíssimos mas virtuosos e amados - mas sozinha de algo que nem sei se terei. O amor que procurei e quis distribuir foi rejeitado nefastamente por todos que tocaram esse corpo que sangra.

Formanda agora...após esses anos de luta e noites insones, formo. A sensação que pensei que teria não é  a que visita minha alma nesse momento. Sinto-me fraca, com o corpo descomposto - já se vão dois meses e não me recupero - sinto-me inútil, incompetente e vazia, burra, só. Tantos colegas já indo casar, já indo dar aula ou realizar mestrado: todos merecedores de tais vitórias. Eu me vejo como uma pequena garotinha perdida numa imensa floresta cheia de globins, sem sonhos e com muito, MUITO medo. Termino uma etapa importante sem o menor orgulho, sem prazer, sem esperança. Só, sem emprego, sem planos, sem meu filho. Nada, absolutamente nada saiu como esperado, planejado ou desejado. 

Devo ser forte para enfrentar sabe-se lá o quê mais, ajudar minha família, ajudar quem gosto e quem gostarei. Devo ser como rocha enquanto tudo desmorona ao redor, enquanto invadem meu corpo num hospital, enquanto meu pequeno vai embora sofrendo, enquanto as doenças se assentam e destroem. Rocha, rocha. Se fosse frágil e derretesse não sei se teria alguém pra me segurar. Não me refiro a nada espiritual, nem me atrevo. Lembro tanta enfermidade, trauma que já superei, fome e desespero. Há gente em situação pior que eu e eu gostaria de pegar essas pessoas no colo e cuidar delas. Esquecer um pouco de mim. Sumir de mim.

Nem vi as luzes de Natal ainda, sou toda escuridão. A colação é daqui uma semana e tudo que eu quero é dormir e não acordar mais, sair desse pesadelo. Esquecer o medo, esquecer tudo.

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